[Áudio Clássico] Porque o gravador cassete é o complemento ideal para um toca-discos de vinil 

Aparelhos de som vintage
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Porque o gravador cassete é o complemento ideal para um toca-discos de vinil

Por Arq. Me. Iberê Moreira Campos e equipe

Os discos de vinil foram deixados de lado no final dos anos 90, quando os CDs ficaram num preço convidativo. Na ocasião, o que impulsou ainda mais a aposentadoria do vinil foi o surgimento dos gravadores de CD para os PCs, os computadores pessoais. Virou uma mania internacional baixar músicas pela internet e gravar nossas compilações preferidas em CD. Esses CDs eram bem baratos (para não dizer de graça) e tinham um som melhor do que os discos de vinil. Mas será mesmo?

De alguns anos para cá, tem uma turma grande que acha que não. Que acha que o som dos discos de vinil é superior até mesmo aos CDs gravados de fábrica, quem diria então dos CDs caseiros, gravados a partir de MP3. Segundo os entusiastas do vinil, o som dele é do tipo analógico e, portanto, o que mais fielmente reproduz os timbres e detalhes das vozes e instrumentos. Detalhes estes que se perderiam no caso dos CDs, não só por causa da mídia, mas também e principalmente por causa das inúmeras mixagens, que resultam em vários ciclos de decodificação e posterior recodificação, que modificariam o timbre da gravação e causariam perda dos detalhes mais sutis. Para este grupo, o som digital é artificial e metálico.

Não pretendemos aqui entrar nesta discussão, se o som do vinil é melhor ou pior do que o dos CDs. Este é um assunto que desperta paixões, o fato é que os bolachões de vinil se tornaram populares novamente e viraram “cult”. Isto desencadeou uma corrida aos toca-discos de vinil que ainda estavam funcionando, e causou uma onda de lançamento de aparelhos novos a preços acessíveis, o que não se via há pelo menos 20 anos. A produção de toca-discos de alto desempenho (e caros) nunca parou, mas há anos não se via as grandes marcas de aparelhos de som lançando aparelhos a preços condizentes com os bolsos da maior parte da população.

As gravadoras também entraram na onda. Hoje em dia todo lançamento de artistas importantes é feito principalmente na mídia digital, mas também saem em CD e também em discos de vinil. Aliás, ter seus discos lançados em vinil virou um símbolo da importância do artista e daquele álbum em especial. Neste movimento, uma nova geração de ouvintes passou a conhecer e gostar dos discos de vinil. Isto é bom, sem dúvida, porque requer todo um aprendizado, para lidar com esta tecnologia antiga. Durante o aprendizado, a pessoa acaba conhecendo várias coisas, falando com pessoas com as quais provavelmente nunca teria contato se não fosse pelo interesse em música. Em ouvir boa música.

Por outro lado, os antigos entusiastas do vinil e que tinham começado a ouvir só CDs e músicas digitais passaram a colocar os vinis de novo em circulação. A ouvir, a trocar com os amigos e, claro, a aconselhar os novos ouvintes, os novos adeptos dos bolachões.

A ocasião é oportuna, portanto, para relembrar os velhos tempos e trazer aqui de volta um antigo companheiro dos toca-discos de vinil, que é o gravador de fitas cassete.

Porque o gravador cassete é um bom companheiro para os discos de vinil?



As décadas de 70 e 80 foram o apogeu não só da indústria da música mas também dos aparelhos de som bem projetados e construídos com capricho. Não é à toa que estes aparelhos “vintage” voltaram a ser comercializados e viraram objeto de desejo. Criou-se todo um mercado onde os aparelhos antigos que sobreviveram são retirados dos depósitos, restaurados e comercializados para consumidores ávidos por reviver emoções distantes.

Se examinarmos os anúncios da época, veremos que os toca-discos de vinil geralmente faziam parte de um conjunto. Contendo, pelo menos, um amplificador e um par de caixas de som. Alguns traziam também sintonizadores de AM/FM (rádio) e, nos mais completos, havia também um gravador cassete. Este último era tão popular que até mesmo nos “3 em 1” que começaram a sair nos anos 90, com um reprodutor de CD ao invés do toca-discos de vinil, também traziam gravadores de fitas cassete. Mais recentemente, os gravadores cassete foram postos de lado em favor da música digital, é mais fácil fazer uma coletânea no Spotify, no computador ou no celular, do que ficar gastando horas à fio selecionando e gravando músicas.

No entanto, os gravadores cassete também entraram na onda e foram revividos. Voltaram a fazer parte dos equipamentos de quem aprecia o som do vinil. Porque isto acontece? Claro, existem motivos pessoais, como uma certa nostalgia, uma lembrança dos bons tempos que podemos ter vivido nos anos 70, 80 e 90, mas fora isto existem motivos técnicos e práticos que continuam fazendo das fitinhas cassete um complemento adequado e útil para os discos de vinil. Estes motivos estão descritos a seguir.

O cassete era uma tecnologia madura – A fita cassete foi lançada no início dos anos 60 e evoluiu rapidamente. Década após década o ruído foi diminuindo, o som foi melhorando e a confiabilidade cresceu. Os anos 90 foram o auge da tecnologia, os aparelhos feitos nesta época são os melhores que existem até hoje. Uma gravação feita num aparelho de preço médio feito nos 90, mesmo apenas com Dolby B, tem um som bastante próximo da fonte original. Se usarmos os aparelhos melhores, especialmente os equipados com Dolby HX, o som é praticamente idêntico ao original. Nestes casos, numa comparação direta é muito difícil distinguir qual é a gravação e qual é o som original.

Dificuldade para reproduzir um vinil – É preciso seguir um ritual preciso para conseguir extrair o máximo de qualidade do som que um vinil pode oferecer. Começando pela escolha do equipamento, ou seja, do toca discos, do amplificador, da cápsula, da agulha, do peso da agulha, entre outros itens. O disco precisa ser limpo perfeitamente, precisa ser colocado com cuidado no prato antes de acionar o sistema para começar a reprodução. Cada lado de um LP reproduz algo como 15 a 20 minutos, depois disto é preciso ir até o toca-discos novamente e começar novo procedimento para reproduzir o outro lado do disco. Qualquer descuido durante o manuseio vai riscar e sujar o disco, aumentando o nível de ruído e diminuindo a qualidade de reprodução.

Praticidade do cassete – Comparado com o procedimento de reproduzir um vinil, o cassete é bem mais prático. Basta colocar a fita no aparelho, escolher o tipo de Dolby e configurar o tipo de fita, se o aparelho não tiver esta seleção automática. Dependendo da fita, ela pode tocar 30 a 45 minutos de cada lado e se o aparelho for auto-reverse vai tocar entre 60 a 90 minutos de música ininterrupta. A fita pode ser transportada num bolso de camisa e ser manipulada até mesmo com a mão molhada, pois a fita em si está protegida dentro do invólucro.

O vinil se degrada rapidamente – A indústria da música fez o que podia para retardar o uso em massa de tecnologias como o CD e o MP3. Um dos motivos pelos quais isto aconteceu é que o vinil e as fitas magnéticas se desgastam com o tempo. A cada vez que um disco de vinil é tocado, ele se desgasta um pouco. O som vai piorando e aumenta bastante a quantidade de ruído, os chiados e estalos que tanto aborrecem o usuário e que são a marca registrada dos discos de vinil. Com o tempo, pode ser que o usuário risque o disco, por manuseio inadequado ou devido a uma agulha gasta, daí o usuário precisaria jogar fora seu LP e comprar um novo. A partir dos anos 70, cada LP que eu comprava gravava imediatamente em fita cassete. Escutava e analisava o disco a partir da fita cassete, preservando o disco de vinil sempre novo, na embalagem original, por isto é que ainda hoje ainda tenho centenas de LPs em estado de novo. Do jeito que saíram da loja.

LPs contêm muitas faixas ruins – selecionar apenas o que desejamos – A indústria fonográfica sempre teve por costume empurrar lixo para cima dos compradores. Em cada LP sempre tinha uma ou duas faixas de boa qualidade, o restante era pura enrolação. Para cada 12 faixas em um LP, somente 1 ou 2 davam prazer de escutar. São raros os discos onde mais de 2 faixas eram boas, e estes se tornaram clássicos. Para citar só alguns, o Dark Side of The Moon, do Pink Floyd e o primeiro disco do Led Zeppelin. Para não ter que ficar trocando disco a todo instante para ouvir só as músicas boas, um bom gravador cassete ajuda bastante. Podemos fazer nossas próprias seleções, removendo as faixas inúteis que sempre vêm nos LPs e escutar apenas o que interessa.

Não sair do meio analógico – Seja gravando um LP para preservá-lo, seja gravando apenas as melhores faixas, de qualquer forma se preserva a essência do disco de vinil. A fita cassete também é do reino do áudio analógico, se a gravação for bem feita, em um aparelho e fita decentes, teremos a mesma satisfação em escutar a fita cassete ou o disco de vinil. É claro que gravadores ruins e fitas de baixa qualidade vão entregar um som ruim, bem inferior ao do vinil, mas é uma questão de saber escolher os equipamentos corretos e fazer uma gravação com um mínimo de conhecimento técnico.



Publicado em 08/09/2020 às 19:33 hs, atualizado em 14/12/2021 às 16:10 hs


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