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Artigo mais recenteArquiteto deu todas as dicas e cliente não fechou negócio para fazer projeto. E agora, como fica o profissional?Por e equipe
Com efeito, quando o cliente não entende a importância do planejamento de uma obra fica difícil compreender o trabalho do arquiteto e de todo mundo que pensa, ao invés de assentar tijolo... Em geral, as pessoas querem alguém que vá lá e construa a casa, e não alguém que fique questionando, sugerindo opções e criando ainda mais dúvidas... E é este o papel do arquiteto, ou seja, entender a situação, determinar quais são as metas a serem atingidas e procurar oferecer soluções de acordo com o orçamento proposto.
Quando se percebe que o cliente é deste tipo, o arquiteto (e outros profissionais de projeto) deveriam evitar de perder tempo, pois se a pessoa não entende o que fazemos fica difícil convencer alguém a nos contratar. Melhor gastar o tempo andando atrás de pessoas que nos valorizam, que entendem o que fazemos e se disponham, no mínimo, a discutir os honorários.
Numa situação como esta relatada, podemos comentar três aspectos que poderiam (ou deveriam) ter sido evitados. O primeiro ponto é a questão de ficar oferecendo dicas e soluções. Ora, este é justamente o trabalho do arquiteto, depois que estuda a situação e discute com o cliente, automaticamente acaba chegando na solução do caso, determinando em linhas gerais como o projeto será feito. Para um leigo, isto significa que o projeto está pronto, só falta fazer o... Desenho. Sim, para um leigo, o desenho é o projeto e vice-versa, ele não entende que o desenho é apenas uma representação do projeto, que abrange muitos estudos e análises que custam muito mais caro (e são mais valiosos) que o desenho em si.
Outro aspecto pouco positivo notado no relato é a fato de ofertar preço de projeto por metro quadrado. A contagem destes metros quadrados é complexa e dá margem a dúvidas. Por exemplo, digamos que vamos fazer um projeto de residência num terreno de 250 m2, onde será construída uma casa de 150 m2. Qual área será considerada? Normalmente, será de 150 m2, só que o arquiteto vai ter que fazer um estudo e propostas para toda a área externa, onde ficam jardins, muros, portões, circulação e outros itens que compõe estes ambientes. Deveria, então, cobrar a taxa para os 250 m2 que compreendem todo o terreno? Como fazer? Esta diferença de metodologia, por si, já dificulta a avaliação que um leigo pode eventualmente fazer da proposta apresentada pelo arquiteto. O correto, ao nosso ver, seria dar um preço global (fechado) para todas as etapas, discriminando o valor para cada uma delas: estudo preliminar, anteprojeto, aprovação nos órgãos públicos, projeto executivo, detalhamento, armários e assim por diante. O cliente pode contratar tudo ou só partes da proposta, conforme ficar melhor para todas as partes.
Por fim, como a maior parte dos clientes não valoriza mesmo o trabalho de planejamento e projeto, talvez fosse uma boa política fazer um preço bem camarada para o projeto mas já amarrar a execução da obra ao fato do arquiteto fiscalizar ou administrar a obra. Como é mais fácil convencer o cliente a pagar estes dois serviços, e também porque estes serviços são mais lucrativos, o que se ganha a mais com eles poderia eventualmente compensar o desconto dado no valor do projeto.
Em resumo, portanto, o fato de alguém não nos contratar não chega a ser um problema. A gente faz o melhor que pode, procura atender da melhor forma possível. Mas nem sempre somos convincentes o suficiente, ou então o cliente está mesmo mal intencionado, quer tirar suas dúvidas e ganhar idéias de presente, sem ter que pagar por isso. Quando isto realmente acontece, ao invés do arquiteto ficar triste, deveria até ficar contente. Num primeiro momento está perdendo, porque investiu sem tempo e não vai obter retorno, mas em compensação não vai ter que trabalhar para alguém que não o valoriza. Isto, a longo prazo, pode ser até bom. Melhor gastar nosso tempo com quem realmente entende o que fazemos e nos paga de acordo.
Publicado em 03/05/2018 às 13:30 hs, atualizado em 03/05/2018 às 15:10 hs
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